segunda-feira, 12 de novembro de 2012

BERLIM DIÁRIO (fechar fronteiras) 11


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Fui a uma festa. Uma inauguração. Uma bola de espelhos. Uma cave. Muita gente. Fiquei a olhar. Pensei em palavras. Tentei aplicá-las. Até me esquecer do que via. Fiquei com as palavras. Criei uma tempestade. Continuei nela. Pensei: como é que acaba? Para onde é que vai? Telos, telos, telos... Voltei a abrir os olhos. Havia quem dançasse. Bati o pé. Recusei-me a movimentos exóticos. Não sou como tu. Estava na hora. Subi as escadas. Não se ouviam os meus passos. Desapareci. 

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Fui a uma festa.Uma inauguração. Bola de espelhos. Um primeiro andar. Gente que nunca mais acabava. Pus-me a dançar. Estava torto ou talvez os outros tortos. Dei três passos (de dança) e passei à próxima sala. Tentei conversar. Tempestade, tempestade, tempestade. Como é que começa? Em marcha atrás? Mudei de assunto. Encostei-me a uma parede e apoiei o cotovelo no antebraço. Coço o queixo e disserto: O custo de vida, as dificuldades e facilidades, a política internacional, ai a economia, arte, pois claro, Kunst, Kunstgemeinschaft, Kunstwissenschaft, Kunst. E depois? Desci as escadas. Não se ouviam os meus passos. Desapareci.

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